O que é limpeza terminal e limpeza concorrente? Como escolher o tipo de limpeza hospitalar?
É fato que nossa saúde e bem-estar estão intrinsecamente ligados à boa limpeza e higiene. Por conta disso, em ambientes de assistência à saúde, como hospitais, clínicas e laboratórios, os tipos de limpeza hospitalar, como os procedimentos de limpeza terminal e limpeza concorrente são essenciais para que as medidas de proteção sanitária sejam eficazes, diminuindo riscos de contaminação.
A limpeza terminal e a limpeza concorrente são dois procedimentos distintos, cada um desempenhando um papel específico na manutenção da higiene e na prevenção de contaminações em ambientes hospitalares.
Neste artigo iremos abordar o que são “limpeza terminal” e “limpeza concorrente”, quais seus objetivos distintos, e em quais momentos são realizadas em um ambiente de assistência à saúde.
Se preferir, você também pode consumir esse conteúdo em formato de podcast:
O que é limpeza terminal? E limpeza concorrente? Quais as suas diferenças?
Limpeza Concorrente:
A limpeza concorrente refere-se à higienização diária de ambientes de assistência à saúde. Ela é realizada com o propósito de reduzir os riscos de infecções a pacientes.
Objetivo:
- Busca garantir conforto, segurança e higiene contínua do ambiente;
- Pode ser executada duas vezes ao dia ou conforme necessidade.
Execução:
- Tarefas de limpeza incluem:
- Limpeza de objetos, mesas de refeição e cabeceira.
- Higienização de mesas.
- Limpeza do suporte de soro.
- Higiene de cadeiras e outros móveis.
- Limpeza de travesseiro e colchão.
- Limpeza de grades, painéis e escadas.
- Higienização também abrange pisos de quartos, enfermarias, corredores, áreas sanitárias e administrativas.
- Geralmente, é realizada de forma úmida, sendo menos abrangente que a limpeza terminal.
Procedimentos Técnicos:
- Base técnica padrão determinada pela enfermagem em baixo nível de mecanização:
- Limpeza úmida para todas as superfícies, usando baldes de cores diferenciadas.
- Início sempre da área mais limpa para a mais suja.
- Movimento único, em um só sentido, em todas as superfícies.
- Troca da solução dos baldes a cada ambiente.
- Lavagem do banheiro como parte integrante do processo.
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Limpeza Terminal:
A limpeza terminal é um procedimento abrangente e detalhado, considerando as emergências e necessidades das áreas crítica, semicrítica e não crítica. Se concentra em todas as superfícies e móveis, visando reduzir sujidades e microrganismos para diminuir as chances de contaminação.
Objetivo:
- Realizar uma higienização completa e profunda do ambiente.
- Reduzir a presença de microrganismos e sujidades, superando a abrangência da limpeza concorrente.
- Aplicada após transferência, alta, internação prolongada ou óbito do paciente, incluindo salas cirúrgicas após o uso.
Execução (de acordo com Protocolo de Limpeza Terminal):
- Higienização de todos os objetos do quarto, cadeiras de rodas, macas e equipamentos.
- Limpeza de janelas, portas, luminárias e teto.
- Limpeza e desinfecção de mesas e suportes.
- Limpeza de travesseiros.
- Higienização de colchões.
- Limpeza de camas, macas e demais móveis.
- Higienização de pisos, paredes, vidros e outras superfícies.
- Recolhimento e higienização de roupas de cama impermeáveis.
- Reunir e organizar material no carrinho de limpeza.
- Colocar carrinho do lado de fora da porta de entrada.
- Utilizar EPIs indicados.
- Desinfecção/descontaminação de matéria orgânica, se necessário.
- Trocar luvas para procedimentos subsequentes.
- Recolher sacos de lixo.
- Iniciar limpeza de mobiliário com desinfetante hospitalar.
- Realizar enxágue e repetir, se necessário.
- Limpar porta, visor e maçaneta com solução desinfetante.
- Limpeza do piso com solução específica.
- Limpeza do banheiro, iniciando pela pia, vaso sanitário e piso e ralos.
- Reorganizar o ambiente.
- Descartar soluções e higienizar baldes.
- Limpar lixeiras com solução desinfetante.
- Repor sacos de lixo.
- Retirar e lavar luvas.
- Lavar as mãos.
- Repor produtos de higiene pessoal (sabonete, papel toalha e higiênico).
Agora vejamos um protocolo limpeza terminal, mais completo e detalhado, básico para os hospitais, que sempre precisam selecionar o tipo de limpeza hospitalar:
Quais as diferenças entre limpeza terminal e limpeza concorrente?
A principal diferença entre os tipos de limpeza hospitalar como a limpeza concorrente e a limpeza terminal reside na frequência e no propósito das práticas.
Limpeza Concorrente: A limpeza concorrente é realizada de forma regular, diária ou conforme a necessidade, durante o funcionamento normal do ambiente de assistência à saúde. Seu objetivo principal é reduzir continuamente os riscos de infecções, concentrando-se em áreas em constante uso, como quartos de pacientes, corredores e espaços comuns. Geralmente, é uma limpeza mais rápida e menos abrangente, focando em superfícies e objetos frequentemente tocados.
Limpeza Terminal: Já a limpeza terminal é conduzida periodicamente, muitas vezes após a alta de pacientes ou em áreas que não foram utilizadas por um período prolongado. Seu propósito é realizar uma higienização profunda e abrangente do ambiente, preparando-o para o próximo uso. Este tipo de limpeza é mais minucioso e pode envolver processos mais intensivos, incluindo desinfecção de superfícies e objetos. É aplicado em áreas que demandam uma atenção especial, como quartos de pacientes após a alta ou salas cirúrgicas.
Em resumo, enquanto a limpeza concorrente visa manter a higiene de forma contínua durante a operação normal do ambiente, a limpeza terminal é realizada menos frequentemente e busca uma higienização mais profunda para preparar o espaço para novos usuários ou procedimentos.
Qual a importância da limpeza hospitalar?
É de fundamental importância compreendermos que em ambientes hospitalares há uma grande proliferação de microrganismos prejudiciais à saúde, como vírus e bactérias.
Estudos mostram que infecções causadas por microrganismos resistentes aumentam o tempo de internação, a mortalidade e os custos da assistência médica, como já abordamos nesse artigo sobre o que são IRAS (Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde) e como evitar as infecções hospitalares.
De acordo com estudo realizado em Massachusetts (EUA), há uma relação direta entre ambientes contaminados com Enterococcus spp. resistente à vancomicina, e a infecção ou colonização por esse agente.
Um outro estudo mostrou que a internação em quartos previamente ocupados por pacientes portadores de enterococo resistente à vancomicina (VRE), um dos principais patógenos causadores de infecções hospitalares, aumentou em 40% o risco de aquisição desses agentes.
Dessa forma, realizar os diferentes tipos de limpeza hospitalar com os procedimentos e as rotinas de limpeza e desinfecção de ambientes nos hospitais são ações indispensáveis para a prevenção de doenças e disseminação de microrganismos resistentes e selecionar o tipo de limpeza hospitalar é definitivo para o sucesso.
Classificação das áreas de higienização hospitalar.
Após explorarmos as características da limpeza terminal e concorrente, é relevante abordar a classificação das áreas dentro do contexto hospitalar e a abordagem adequada para cada uma delas. Compreender as demandas específicas de cada espaço é essencial para realizar uma ação de limpeza e higienização eficaz.
Áreas Críticas:
- Locais de maior risco de infecções.
- Exposição elevada a microrganismos patogênicos.
- Incluem UTIs, salas de cirurgia, clínicas, central de materiais e esterilização, além de cozinha e lavanderia.
- Exigem uma abordagem de limpeza hospitalar rigorosa devido à natureza invasiva dos procedimentos realizados.
Áreas Semicríticas:
- Ocupadas por pacientes com doenças de baixa transmissão ou enfermidades não infecciosas.
- Ambientes sem cuidados intensivos, como salas de pacientes e central de triagem.
- Demandam uma atenção especial na limpeza para garantir um ambiente seguro e propício à recuperação dos pacientes.
Áreas Não Críticas:
- Não abrigam pacientes e não são palco de procedimentos médicos.
- Incluem áreas administrativas e de circulação.
- Apesar de menor exposição a riscos infecciosos, necessitam de uma limpeza regular para manter padrões de higiene e bem-estar no ambiente hospitalar.
Entender e adaptar a abordagem de limpeza de acordo com a classificação de cada área é fundamental para promover um ambiente hospitalar seguro, higienizado e propício à saúde e recuperação dos pacientes.
Produtos de limpeza para higienização hospitalar:
A seleção criteriosa de produtos de limpeza e desinfecção é crucial para garantir a eficácia e a segurança nos processos de higienização hospitalar. Detergentes e desinfetantes, sejam concentrados ou prontos para uso, devem estritamente seguir as diretrizes estabelecidas pelos órgãos reguladores.
É fundamental que o material de limpeza e higienização esteja devidamente registrado na Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA), atendendo às especificações legais. Além disso, o uso desses produtos deve ser consciente e responsável, evitando qualquer impacto negativo sobre os profissionais de saúde ou os pacientes.
Ao escolher os produtos para tanto a limpeza concorrente quanto a limpeza terminal, é crucial considerar os seguintes critérios para os diferentes tipos de limpeza hospitalar:
- Superfície a ser Limpa ou Desinfetada: Adaptar o produto de acordo com o tipo de superfície a ser tratada, assegurando eficácia e segurança.
- Tipo e Grau de Sujidade:Escolher produtos que correspondam ao tipo e grau de sujidade presente, garantindo uma remoção eficiente.
- Tipo de Contaminação e sua Eliminação:Levar em conta os microrganismos envolvidos para selecionar desinfetantes apropriados.
- Qualidade da Água e sua Influência:Considerar a qualidade da água utilizada no processo, pois isso pode impactar na eficiência da limpeza e desinfecção.
- Método de Limpeza e Desinfecção:Escolher produtos que se alinhem com os métodos específicos de limpeza e desinfecção adotados.
- Tipo de Máquinas e Acessórios:Garantir que os produtos selecionados sejam compatíveis com as máquinas e acessórios utilizados no processo.
- Medidas de Segurança:Implementar medidas de segurança na manipulação e uso dos produtos, visando a proteção tanto dos profissionais quanto dos pacientes.
A atenção a esses critérios não apenas assegura a eficácia da higienização, mas também contribui para a preservação da saúde e bem-estar de todos os envolvidos no ambiente hospitalar.
Superfícies e ambientes hospitalares e grau de contato com as mãos:
Para aprimorar os critérios de limpeza hospitalar, é crucial segmentar as superfícies e ambientes de acordo com o grau de contato com as mãos. Esta abordagem é de extrema importância para os profissionais de limpeza, pois aumenta a conscientização sobre os riscos associados às superfícies de maior contato.
Exemplos de Superfícies com Maior Grau de Contato das Mãos:
- Bancadas.
- Maçanetas.
- Interruptores.
- Portas.
- Grades de cama.
- Controles eletrônicos.
- Monitores touch e outros dispositivos interativos.
Exemplos de Superfícies com Mínimo Contato das Mãos:
- Teto.
- Piso.
- Janelas.
- Televisores.
- Monitores (exceto os pontos de contato manual) e outros elementos menos manipulados.
Atenção Especial a Equipamentos Médicos e Pontos de Alto Contato com as Mãos:
- Equipamentos de Raio-X.
- Equipamentos de diálise.
- Carrinhos.
- Monitores.
- Ventiladores mecânicos.
- Bombas de infusão e outros dispositivos médicos de alta interação.
Essa categorização direciona a atenção para as áreas que demandam uma higienização mais frequente e minuciosa, contribuindo para a manutenção de padrões elevados de segurança e prevenção de infecções no ambiente hospitalar.
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Até a próxima semana!
Referências:
Revista Latino-Americana de Enfermagem